Política
DISPUTA ELEITORAL NO LEGISLATIVO: o que os números do século nos mostram?
“A história é émula do tempo, repositório dos fatos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro”, a frase do romancista espanhol Miguel de Cervantes, é um aperitivo para entendermos a importância dos números, ou melhor, dos eventos do passado, que permeiam o hoje e quem sabe podem nos revisitar amanhã.
As Eleições Municipais de 2024 estão a todo vapor, a campanha eleitoral já começou e em Três Pontas não é diferente. Muitos costumam dizer que a eleição para Vereador é a mais difícil, quiçá, a mais importante, portanto mãos à obra.
Até a presente publicação desta matéria, 170 candidaturas (estão incluídas candidaturas inaptas) estão registradas para concorrer às 11 cadeiras do Poder Legislativo trespontano. Desde 2020, o número de candidaturas foi reduzido, no ano citado, Três Pontas registrou 169 candidaturas. Para se ter uma base dessas reduções, em 2016 tivemos 247 candidaturas e em 2012 um total de 226.
A dificuldade é perceptível entre os candidatos, a impressão de que a eleição ficou mais disputada, consequentemente mais difícil, é comprovada pelos dados acima. No entanto, no meio desse cenário, o número de trocas ou mudanças de uma eleição para outra no Parlamento, é otimista para quem quer uma vaga. De acordo com a estatística abaixo, excetuando em 2020, nas demais eleições do século XXI, as mudanças são maiores ou iguais a 50%.
Por falar em mudança, das 11 vagas ao cargo de Vereador, pelo menos três delas serão preenchidas por novatos ou velhos conhecidos da Casa Legislativa. Isso tem um porquê, o experiente Vereador Sérgio Eugênio Silva, decidiu que irá encerrar sua bela e marcante trajetória no Legislativo Municipal em dezembro, Sérjão como também é conhecido, está no 5º mandato. Luciano Reis Diniz, que vive seu 1º mandato, rechaçou a ideia de continuar na política e não se candidatou. E por último, Maycon Douglas Vitor Machado, o talentoso legislador que está no 2º mandato, é candidato ao posto de Vice-Prefeito e obviamente não pode concorrer ao cargo de Vereador. Uma coisa é certa, três grandes nomes não vão participar do pleito para o Poder Legislativo.
Matemática eleitoral
Convencionou-se dizer que um voto pode fazer a diferença, é verdade. No entanto, esse raciocínio deve conter mais elementos que o voto, como por exemplo, o famigerado Quociente Eleitoral (QE).
Se pegarmos as duas últimas eleições municipais, o QE em 2020 foi de 2.903 votos, já em 2016 foi de 3.082. Vale informar, que em ambas, haviam 11 cadeiras no Legislativo, mesma quantidade para essa disputa de 2024. Confira abaixo planilhas que elucidam o QE dos pleitos domésticos dos últimos 16 anos.
É notório que a quantidade de cadeiras disputadas no Parlamento tem sido determinante para que o número do QE em Três Pontas oscile. Notou-se que em 2012 a alteração é considerável, afinal, haviam quatro cadeiras a mais. Todavia, existe uma forte tendência do QE em 2024 não sofrer grandes alterações em relação a 2020 e 2016, uma vez que os votos válidos no século permanecem parecidos, independente do aumento ou não de eleitores.
Distribuição de vagas
Para eleição municipal de 2024, algumas mudanças para distribuição de vagas aconteceram. Em um resumo bem elucidativo, observe a “equação” matemática para essas distribuições:
1ª Fase: Distribuição de vagas para os partidos que obtiveram 100% do Quociente Eleitoral. Os partidos terão tantas cadeiras, quantas vezes superarem o QE. Os candidatos precisam ter pelo menos 10% do Quociente Eleitoral; (NESSA FASE SE FAZ USO DO CÁLCULO DE QUOCIENTE PARTIDÁRIO)
2ª Fase: Distribuição das sobras. Participam partidos que obtiveram pelo menos 80% do Quociente Eleitoral e os candidatos precisam ter ao menos 20% do Quociente citado; (NESSA FASE SE FAZ USO DO CÁLCULO DE MÉDIA)
3ª Fase: Distribuição da segunda sobra (sobra da sobra). Participam todos os partidos, mesmo aqueles que não atingiram 80%. Os candidatos precisam ter ao menos 10% do Quociente Eleitoral. (NESSA FASE SE FAZ USO DO CÁLCULO DE MÉDIA)
Baseado nessas informações, a redução de candidaturas como já apontado nesta matéria, realça a dificuldade que muitos candidatos relatam.
Dados que se mantêm de pé!
No século XXI em Três Pontas, no que tange a disputa para entrar na Casa Legislativa, dois dados estatísticos se mantêm de pé, tanto a vitória de pelo menos uma mulher, quanto o triunfo de um candidato que no passado ficou perto de vencer.
Tem sido infalível desde 2004, ou seja, em todas as eleições do século, uma mulher ocupa uma cadeira. A participação feminina ainda é tímida, e é bem verdade que certas obrigatoriedades muitas vezes esconde um defeito histórico e de formação da nossa sociedade, mas mesmo assim, a mulher é presente, espera-se que cada vez mais em maior quantidade. Confira abaixo as mulheres que já ocuparam o cargo de Vereadora no século:
O outro acontecimento infalível no século trespontano, digamos assim, é a vitória daqueles que quatro anos antes, ficaram próximos de conquistar a vaga. Para se ter uma base, das quatro candidaturas mais votadas que não vencem, em especial por culpa da velha matemática eleitoral, leia-se legenda, sempre na eleição seguinte, pelo menos uma dessas candidaturas vence. Se expandirmos essas candidaturas para as seis ou sete mais votadas que não vencem, esse tal acontecimento que perdura por 20 anos aumenta ainda mais de potência.
A importância do voto
A política é sem dúvida a maior ferramenta de transformação social. Sendo assim, o voto se torna um instrumento de legitimidade da nossa cidadania. Esse discurso é lírico, mas o que na verdade está em jogo é o seu, o meu, o nosso futuro. Mais do que isso, como os gregos diziam, o futuro da polis, em tempos modernos, entende-se, o futuro da cidade.
O controverso, é que por mais que os números de votos válidos sejam bons e suficientes, o lado negativo são as abstenções. Neste século, em todas eleições municipais ela aumenta, confira o levantamento dos últimos 20 anos:
Embora as abstenções sejam comportamentos comuns e inevitáveis em todo Brasil, convenhamos, não é salutar ao processo eleitoral político. Espera-se que esses números se reduzam, é um olhar esperançoso, mesmo sabendo que o mais provável é o aumento. Em tempos como esse, se faz necessário manifestar o desejo político, afinal de contas, somos animais políticos, literalmente fadados a fazer política. Que o eleitor se abstenha de suas âncoras e vote, deixando assim, o barco, isto é, Três Pontas, embarcar para rotas que só o tempo mostrará. Tudo isso precisa ser decidido no presente, para que o futuro possa ser celebrado e o passado rememorado como um ciclo de ensinamento contínuo.